Diabetes mellitus, guia prático



Diabetes mellitus, guia prático

O que é

Diabetes mellitus é uma doença na qual o metabolismo da glicose fica prejudicado pela falta ou má absorção do hormônio insulina pelo organismo, o que eleva os níveis de glicemia no sangue (hiperglicemia).


A denominação diabetes —que significa "sifão", em grego—, data do século II e se refere aos sintomas mais visíveis da doença que são a grande ingestão de líquidos e a sua eliminação exagerada através da urina. A palavra mellitus —que provém do latim e quer dizer "adoçado com mel"— foi adicionada no século XVII e faz referência ao sabor adocicado verificado na urina dos diabéticos.

Hormônio: substância produzida por uma glândula e que atua sobre órgãos e tecidos situados à distância, depois de ter sido transportada pelo sangue.

Insulina: hormônio produzido pelo pâncreas que é indispensável para promover a entrada da glicose nas células do organismo para lhes fornecer energia.

Metabolismo: é o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos.

Glicose: açúcar. É utilizada como energia por todas as células do organismo.

Hiperglicemia: nível elevado de glicose no sangue. Os níveis considerados normais de glicose no sangue são de até 99mg/dL pré-prandial (antes de comer) e de até 140mg/dL pós-prandial (depois de comer).

Hipoglicemia: 


Tipos de Diabetes

Diabetes mellitus tipo 1: é causada pela destruição das células beta do pâncreas —produtoras de insulina — pelo próprio sistema imunológico do organismo. Os portadores de diabetes tipo 1 necessitam injeções diárias de insulina para manterem a glicose no sangue em níveis normais. Embora possa ocorrer em qualquer idade é mais comum em crianças, adolescentes ou adultos jovens. É responsável por 5% dos casos de diabetes diagnosticados.

Diabetes mellitus tipo 2: os mecanismos causadores desse tipo de diabetes são complexos e ainda não totalmente compreendidos pela ciência, mas aparentemente a diminuição na resposta à insulina pelos receptores de glicose presentes nos tecidos , levam ao fenômeno de resistência à insulina. As células beta do pâncreas aumentam a produção de insulina e, ao longo dos anos, a resistência à insulina acaba por levar as células beta à exaustão. Corresponde a mais de 90% dos casos de diabetes. É mais freqüente se manifestar em indivíduos obesos com mais de 40 anos de idade. Neste tipo de diabetes, o problema não se encontra, pelo menos inicialmente, na produção deficiente de insulina pelo pâncreas, mas sim na resistência das células do organismo em absorvê-la para metabolizar a glicose.

Diabetes gestacional: é caracterizada pela elevação da glicose em mulheres durante o período gestacional. Embora a tendência seja de que os níveis de glicose da gestante se normalizem após o parto, mulheres que tem diabetes gestacional tem maiores chances de desenvolver diabetes tipo 2 ao longo da vida, assim como seus filhos.


Outros tipo de diabetes: estão relacionadas a outras patologias e somam menos de 5 % de todos os casos diagnosticados

• Doenças das glândulas endócrinas

• Doenças do pâncreas
• Resistência congênita ou adquirida à insulina 
• Endocrinopatias autoimunes
• Anormalidades da Insulina (Insulinopatias)
• Diabetes Tipo LADA (Latent Autoimmune Diabetes in Adults)

Sintomas do diabetes

1. Urinar excessivamente, inclusive acordar varias vezes a noite para urinar.

2. Sede excessiva.

3. Aumento do apetite.

4. Perda de peso – Em pessoas obesas a perda de peso ocorre mesmo estando comendo de maneira excessiva.

5. Cansaço.

6. Vista embaçada ou turvação visual

7. Infecções frequentes, sendo as mais comuns, as infecções de pele.


Metabolismo da glicose

pâncreas é uma glândula com um papel importante na digestão dos alimentos e no metabolismo dos nutrientes. Ele é tanto exócrino (secreta enzimas digestivas para o duodeno) quanto endócrino (produz hormônios importantes, como insulinaglucagon e somatostatina para a corrente sanguínea). Mede aproximadamente 15 cm de extensão e se localiza atrás do estômago e entre o duodeno e o baço




O metabolismo da glicose ocorre da seguinte forma:


1- Os carboidratos ingeridos pela alimentação são transformados em glicose através do estômago e intestinos.

2- A glicose é transportada pela corrente sanguínea até o fígado, onde é armazenada na forma de glicogênio.

3- O intestino delgado secreta hormônios que estimulam a liberação de insulina pelo pâncreas.

4- A insulina e o glucagon, também produzido no pâncreas, regulam os níveis de glicose no organismo. 

5- Quando os níveis de glicose no sangue estão baixos, o glucagon —produzido pelas células alfa do pâncreas— estimula o fígado a liberar glicose.

6- Quando os níveis de glicose estão altos na corrente sanguínea, a liberação de insulina produzida pelas células beta do pâncreas é aumentada e induz o fígado a armazenar glicose. Na corrente sanguínea as moléculas de insulina se unem às de glicose, fazendo com que a glicose possa ser absorvida pelas células.

7- Quando se encontra no interior da célula, a glicose é utilizada como nutriente.

8- A glicose atua em todos os órgãos, seja cérebro, músculos, rins ou tecido gorduroso e em quase todos os tecidos e tipos de células. Caso não haja liberação suficiente de insulina ou ocorra resistência a ela, a absorção da glicose é deficiente e há acúmulo no sangue.




Prevenção do diabetes

As pessoas predispostas  ao desenvolvimento do diabetes podem evitá-lo modificando o seu estilo de vida:

• Fazendo uma alimentação adequada, pobre em gorduras, doces e carboidratos; rica em fibras, como alimentos 
 Mantendo seu peso ideal, emagrecendo sempre que necessário.

 Praticando atividade física regular.


 Verificando regularmente os níveis de glicose no sangue. 

Os fatores que contribuem para maior risco de desenvolver a doença são:


• Excesso de peso.

 Má alimentação.

• Falta de atividade física regular.

 Idade superior a 45 anos.

 Pessoas com histórico familiar de diabetes.

 Idosos
.
 Pessoas que tomam determinados medicamentos.

Informação traduzida e adaptada de www.health-kiosk.ch


Diagnóstico do diabetes mellitus

Há vários exames para se diagnosticar o pré-diabetes e o diabetes. Os exames mais utilizados são:

• Teste de glicemia  em jejum

Mede a glicose no sangue após pelo menos 8 horas de jejum. Este teste é usado para detectar diabetes ou pré-diabetes.

• Teste oral de tolerância à glicose
Mede a glicose no sangue em dois momentos: após pelo menos 8 horas de jejum e após 2 horas da ingestão de um líquido com quantidade conhecida de glicose. Este teste também é usado para detectar diabetes ou pré-diabetes.

• Teste oral de tolerância à glicose (TOTG)Este exame requer jejum de pelo menos 8 horas para que a primeira coleta de sangue seja realizada. A segunda coleta será realizada após 2 horas da ingestão de um líquido com 75 gramas de glicose diluídas em água.

Glicemia entre 140 mg/dl e 199 mg/dl confirma o pré-diabetes, também chamado de intolerância à glicose. Isso significa que o indíduo está mais propenso a desenvolver o diabetes tipo 2.

- Glicemia igual ou superior a 200mg/dl, confirmada por repetição do teste em outro dia, é diagnóstico de diabetes.

• Hemoglobina Glicada (HbA1c)Esse exame reflete o histórico da glicemia de 120 dias, aproximadamente, e os valores se mantêm estáveis após a coleta.
1. Diabetes – Resultado maior que 6,5%, com confirmação posterior.
2. Risco para o desenvolvimento de diabetes – Resultado entre 5,7 e 6,4 %.


Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD)
 

Complicações do diabetes mellitus

As complicações do diabetes surgem e evoluem com o passar dos anos. Quando essas complicações vão se manifestar e como elas vão progredir depende da adesão do paciente ao tratamento e de como seu organismo vai responder a ele. Estatisticamente, 95% dos pacientes que conseguem controlar a doença através da dieta, medicamentos e atividade física, não apresentarão complicações da doença nos 10 primeiros anos.

Complicações do diabetes conforme a duração da doença


Adaptado de Davidson MB: The continually changing “natural history” of Diabetes mellitus. J Chronic Dis 34:5, 1981

Aterosclerose 

O diabetes eleva o risco do indivíduo desenvolver a aterosclerose. Os níveis de colesterol LDL (Low Density Lipoprotein) aumentam na corrente sanguínea e colaboram para a formação de placas no interior das paredes dos vasos sanguíneos. O volume dessas placas aumenta progressivamente, podendo ocasionar obstrução parcial ou total em algum ponto do vaso. Essas obstruções podem ser fatais quando afetam as artérias do coração (resultando em infarto do miocárdio) ou do cérebro (causando AVC), já que esses órgãos resistem apenas poucos minutos sem o oxigênio fornecido pelo sangue.

Obstrução progressiva do vaso sanguíneo na aterosclerose 


Infarto do Miocárdio


AVC (Acidente Vascular Cerebral)





Retinopatia diabética


As alterações oculares produzidas pelo diabetes ocorrem principalmente na retina e podem ser leves ou graves podendo levar até à perda da visão. Na hiperglicemia prolongada, minúsculos vasos sanguíneos na parte traseira dos olhos são bloqueados, lesionando a retina por falta de oxigênio. Esses vasos podem ainda se romper, liberando sangue, fluídos e gordura no interior do olho, causando a vista embaçada. Em quadros mais graves o rompimento dos vasos forma pequenas cicatrizes que mudam de tamanho causando pequenos descolamentos da retina que podem levar à cegueira

Fundo de olho com retina normal e retinopatia no diabetes




Neuropatia diabética

O diabetes também pode produzir lesões neurológicas que comprometem a sensibilidade das extremidades. Exames neurológicos específicos podem evidenciar o grau de comprometimento neuronal.

pé diabético é uma condição causada pela ação destrutiva da hioperglicemia,que provoca por uma série de alterações neurológicas e circulatórias associadas a infecções que ocorrem nos pés de pessoas acometidas pelo diabetes mellitus. As lesões resultantes do pé diabético geralmente apresentam contaminação por bactérias, e como o diabetes provoca retardação na cicatrização, ocorre o risco de morte dos tecidos (gangrena) e amputação. 





Vasculopatia, úlcera e gangrena no pé diabético
 

Nefropatia diabética
É uma complicação séria do diabetes, devida aos altos níveis de glicose no sangue. A filtragem do sangue através dos capilares dos rins fica prejudicada quando a glicemia está fora dos limites normais. Os rins têm o seu trabalho aumentado para filtrar todo a glicose e eliminá-la através da urina, impedindo a absorção de nutrientes essenciais para o organismo. Progressivamente os néfrons perdem a capacidade de filtrar o sangue, levando ao quadro de insuficiência renal.





Rim  normal e na nefropatia diabética



Essa resistência crescente é uma herança genética, pelo ganho de massa corpórea (principalmente gordura abdominal), pela diminuição de atividade física e pelo envelhecimento. O principal local do corpo onde ocorre resistência à insulina é o tecido muscular, que normalmente utiliza mais de 80% de toda a glicose ingerida. Em virtude dessa resistência, os níveis de insulina no corpo começam a aumentar. Para compensar a falta ou a diminuição da eficácia da insulina, o corpo aumenta a produção de insulina.
Por motivos não completamente óbvios, nos indivíduos com tendência à diabetes, as células beta vão lentamente deixando de atender a demanda de insulina. Pode-se dizer que elas atingem um desgaste total. No início, o nível de glucose plasmática começa a se elevar acima do valor normal após as refeições. Eventualmente, os níveis de glicose de jejum também se elevam acima do valor normal. Quando o teor de glicose se eleva excessivamente a ponto de produzir sintomas ou quando ocorre uma complicação (como um infarto do miocárdio, por exemplo), o diagnóstico de diabetes tipo 2 acaba sendo feito.




Tratamentos para diabetes mellitus

O objetivo do tratamento é controlar os níveis de açúcar no sangue evitando os picos de hipoglicemia e hiperglicemia.

Medicamentoso

• Diabetes tipo 1: Deve ser feito com a toma de insulina diariamente, que pode ser injetada de 2 a 3 vezes por dia ou através do uso de uma bomba infusora de insulina que vai liberando o medicamento na corrente sanguínea aos poucos durante o dia.
• Diabetes tipo 2: Pode ser feito com a toma de remédios anti obesidade e agentes orais, como a metformina, sulfonilureias, glinidas, tiazolidinedionas, inibidores da alfa-glicosidase, e os mais recentes: incretinomiméticos e amilinomiméticos que ajudam a controlar a produção e a secreção de insulina pelo pâncreas.
Geralmente o tatamento medicamentoso se inicia com um desses medicamentos, e depois o médico avalia a necessidade da combinação de outros, mas é comum que na 3ª idade, o indivíduo tenha que tomar mais de 2 medicamentos para controlar a diabetes tipo 2.

Alternativos
• Praticar exercícios físicos regularmente;

• 
Consumir chás de plantas medicinais que ajudam no controle da glicemia como consumir diariamente a farinha da casca do maracujá torrado e a canela em pó, mas sempre com o conhecimento do médico, pois eles também podem interferir na toma dos remédios para diabetes.



Fisioterapêutico
• Prática de exercícios físicos supervisionados e
• Alongamentos e massagens nas pernas e pés, que vão ajudar a melhorar a circulação sanguínea e a controlar melhor a doença.


Nutricional
• Fazer 6 refeições por dia, sempre de 3 em 3 horas;

• Dar preferência ao consumo de alimentos com baixo índice glicêmico

• Beber bastante água;

• Evitar os carboidratos simples e todo tipo de açúcar e adoçante.

Referências BibliográficasWEINERT LS; CAMARGO EG; SILVEIRO SP. Tratamento medicamentoso da hiperglicemia no diabetes melito tipo 2. Acesso em Fev. 2013.
HISSA MN; HISSA ASR; BRUIN VMS. Tratamento do Diabetes Mellitus Tipo 1 com Bomba de Infusão Subcutânea Contínua de Insulina e Insulina Lispro. Acesso em Fev. 2013.


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